A fistula arteriovenosa é sabidamente o melhor acesso para hemodiálise e desde a iniciativa do Fistula First tendemos a buscar este acesso para todos os pacientes iniciando hemodiálise. No entanto todos os profissionais envolvidos com acessos vasculares lembram de pelo menos um paciente octagenário com diversas tentativas frustadas de FAV que iniciou o tratamento por cateter devido à falência de maturação das FAV e progressão da DRC.
Qual o melhor acesso para os pacientes idosos?
O artigo a seguir nos ajuda a refletir. Lee mostrou que em mais de 3000 pacientes acima de 70 anos em pré-diálise e submetida a confecção de FAV ou prótese, a maioria iniciou HD em dois anos, porém apenas metade com acesso funcionante. Praticamente metade das FAV foram confeccionadas <90 dias antes de início da HD e os pacientes com FAV inovaram HD por cateter mais frequentemente que os com próteses (46 vs. 28%).
As prótese tem a vantagem de serem utilizadas mais rapidamente para punção que as FAV e possuirem menor chance de falência primária, evitando uso de cateteres a curto prazo. Além disso pacientes com sobrevida pequena, como aqueles acima de 80 anos provavelmente não se beneficiarão da sobrevida maior da FAV em relação as próteses.
Obviamente deve individualizar-se a abordagem. Em nosso de serviço temos um paciente de 82 anos que foi submetido à trombólise com sucesso de uma FAV radiocefálica confeccionada no atendimento pré-diálise. Ele está utilizando o acesso há 9 meses. Neste caso se optássemos por novo acesso ou implante de cateter tunelizado pelo critério de idade este paciente provavelmente teria uma maior morbidade.
Deixe sua opinião! Qual sua abordagem nos pacientes mais idosos?
Os pacientes idosos apresentam maior risco de falência primária ou de falha na maturação já que possuem uma maior prevalência de aterosclerose e arteriosclerose, DM, HAS. Entretanto, concordo que a abordagem deve ser individualiza. Muitos podem ter veias e artérias com bom diâmetro e chance elevada de sucesso com FAV. No nosso grupo, temos exemplos de pacientes acima de 80 anos com FAV ofertando excelente fluxo, mas a maior parte está com prótese ou cateter tunelizado.
Naqueles com idade avançada que já iniciaram HD por cateter a opção por uma prótese pode ajudar a livrar o paciente do cateter mais precocemente. As falências de maturação das FAV podem levar algumas semanas para ser diagnosticadas, expondo o paciente a mais tempo com o cateter. Para individualizar essa escolha concordo que o Doppler pré operatório ajuda a identificar aqueles pacientes com calibre venosos adequados e com maior chance de maturação de FAV.
O problema ainda é o custo da prótese, infelizmente.
Interessante.